sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O espírito da coisa

Amanhã é dia de ondas. Tenho o joelho arruinado. Vai estar off-shore até ao 12h. Está frio. Quero estalar uns lips. Vai ser duro acordar de madrugada. Quero andar de carrosel. Quero ondas. Será que saco um tubo?

Acho que estamos a perder a alma. Seja em pé ou deitado, vejo cada vez menos surfistas dentro de água. Não há gritos de incentivo a desconhecidos, ninguém descontrai, ninguém se limita a aproveitar os passeios inesquecíveis que as ondas nos podem dar. A moda deixou de ser elogiar o mar, passou a ser desfazê-lo: está pequeno, não tem força, está muita gente, ... E o que dizer quando, nesses dias, chega o set e há sempre uma onda disponível para nos dar boleia? São surfistas? Ou será gente que gosta da imagem de chegar à praia com a prancha, de dizer que faz Surf e que é apaixonado por tubos?

Tenho saudades de ver gente sentada a ver os outros surfar, tenho saudades das saudações entre surfistas que não tinham vergonha de assumir que estavam perto do seu limite, tenho saudades de ver sorrisos dentro de água. Das duas uma: ou anda tudo a tentar ser o Jordy Smith e o o Ryan Hardy, ou o espírito da coisa está flat.

Por mim, amanhã vou de colchão...



Bons tubos

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Sir Mike

Entre Bodyboard e Bodysurf tem mais títulos em Pipeline que Kelly Slater e Andy Irons juntos. Fosse a comunidade de Bodyboard dada a formalismos e já teria sido armado Cavaleiro.

Enquanto o estatuto não é oficializado, fica a satistação de ter sido homenageado na cerimónia de abertura do Eddie Aikau - evento pago pela marca que, provavelmente, mais faz para apagar o Bodyboard - por, num dia em que Pipeline lançava bombas com seis metros, ter salvo um Quilhas sem ajuda e sem a presença de jet skis na água.

"I remember this day being one of the best second reef pipe days in quite some time, as it was a big and quite consistent west swell. After a great day of waves I came in late that afternoon. After getting back to the house I was staying at I was relaxing and saw a big set. A few people got swept down the beach. The rip was especially strong due to the large west swell and didn't break up between the Pupukea and Ehukai breaks as it mostly does. Two surfers made it to shore but the other didn't make it in. Soon he was waiving his arm in a really bad place towards the inside of Pupukea, which was very heavy. Unfortunately the guards had left. After surfing second reef that day I felt pretty confident that I could get out to this guy, and at least handle dunking waves if I needed to. I also felt that with fins and a bodyboard I was probably best suited to retrieve this person. It was getting late and the victim was quite a ways out and I was concerned that I would loose him once I got into the surf. After calling 911 I instructed my wife to walk in front of where he was with a large white towel so I could at least try to line up with him. When I reached the surfer he was panicked, very drained but conscious and I cautiously approached and tried to calm him down. Some joking around and light encouraging words seemed to work. I gave him my board and put my leash onto him so I wouldn't loose him. We started to head outward for clear water as I did not want to try to go in through the shore break in this area. He seemed to have caught his breath but unfortunately sets started to pump and were now peaking up and breaking on the outside of Pupukea. This is when I realized putting the leash on him might not have been the best idea. I told him I will try to dunk the board and to wait for my cue and try to dive as deep as he could. We got under some of it but pretty much got worked. I then took the leash off him and gave him my board and told him to wait again until I gave him the cue to dive deeper. He made it pretty cleanly although I got pushed back. I quickly tried to paddle out to him and coach him through the process again. This went on for a couple more waves and my distance from him was widening. Had the sets continued I might have lost him, but fortunately they subsided. I got back to him and, gave him back my board again and attached my leash to my foot so that I could swim and pull him in towards gums. My plan was to reattach the leash once I got him into the shore break at gums. Fortunately this is about when the ski showed up."


Ladies and gentleman, Sir Mike Stewart.








Enjoy

domingo, 16 de dezembro de 2007

Bodyboard com letra GIGANTE




Quando escrevo estas palavras ainda tenho a pele vermelha do sol e os sapatos cheios de areia de Praia do Norte. Mas mais do que isso, tenho a memória cheia de imagens e histórias que, sei, vou contar aos meus filhos e, se lá chegar, aos meus netos.

Hoje assisti a uma das mais inacreditáveis demonstrações de coragem...não, de loucura, alguma vez levada a cabo desde que o ingrato D. Afonso Henriques bateu na mãe e fundou este canto ao pé do mar.

E por falar em mar, que MAR, senhores, que MAR. É certo que ainda sou novato nas andanças das ondas, mas há anos que sou um amador interessado, e posso dizer que só em vídeos ou revistas vi coisas aproximadas com as montanhas de água que açoitaram hoje a Praia do Norte mais os malucos que se atiraram à insanidade que foi o 3º Special Edition da Nazaré.

Foi a segunda vez que fui à Praia do Norte, mas apesar de ter poucas referências, percebia-se que as ondas, perdão, as vagas eram grandes. Muito grandes.

Todavia, foi só quando o louco, o insano, o doido que devia estar internado, Luís "Porkito" Pereira se mandou de uma daquelas montanhas abaixo é que nos apercebemos do tamanho dos animais. Qualquer coisa entre os 5 e os 7 metros.

E, meus amigos, se a medição não é rigorosa, devo dizer que naquele disparate de mar, mais metro menos metro não ofendia ninguém. Porque houve sets que, arrisco, batiam nos 8.

Se acham que estou a exagerar, bem...perguntem a quem lá esteve.

Porkito, ou senhor Porco, foi lá. Mas os outros loucos também, e, entre eles, um puto meio-francês meio-extraterrestre chamado Pierre Louis-Costes. Se o Porkito surpreendeu pela forma insana coomo dropou os primeiros Everestes de água, o puto que parecia surfar num OVNI, impressionou pela linha de onda, pela classe, pelo arrojo com que se mandou a um enorme "reverse air" com um Grand Canyon de nada por baixo, logo a abrir a conversa.

Até quando passou mal, Pierre impressionou. O extraterrestre partiu o "chop" (cenário normal que tocou a muitos naquele mar)e esteve cerca de 10 minutos (que pareceram uma eternidade) a levar com alguns dos piores sets do dia na cabeça.

Houve burburinho na praia e chegou a correr a hipótese trágica de a vedeta morrer na Nazaré. A moto de água não conseguia, sequer, aproximar-se da zona onde o miúdo estava e temeu-se, mesmo, o pior.

Mas eis que o puto desata a nadar no meio da espumaça e turbulência gigantes, dá as últimas braçadas de costas e sai da água com a mesma expressão desassombrada com que entrou naquele mar de Inferno.

Saiu, traindo apenas algum desagrado pelo facto de não ter sido socorrido.
Mas parecia apenas incomodado, como se não lhe tivessem passado o saleiro à mesa ou não lhe respondessem a um "bonjour" na rua.

Caminhou tranquilo para a tenda e perante os aplausos da turba (que momentos antes quase sustinha a respiração com ele, como em aflita solidariedade), lançou um olhar que só posso descrever como "majestoso", sorriu e tocou na testa agradecendo.
Classe. Pura classe.

Mas, amigos, a grande estrela do dia foi mesmo o Mar. O mar que nos alimenta, que nos castiga, que nos apaixona, o mar a que estamos ligados. Foi o mar a estrela. Um Mar em letra grande.

Hoje assisti a História do Desporto. E se vi mar com letra grande, também vi Bodyboard com letra GIGANTE.

Nota: a foto é do Cocas e é uma amostra(zinha)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Pés de barro...como os homens


Mark Occhilupo. Se trabalhasse em Hollywood nunca passaria de actor secundário em filmes série B. Com uma cara daquelas, de sorriso em que o maxilar inferior parece sobrepor-se (ou subpor-se para ser mais preciso) ao superior, um corpo baixo e maciço como um pugilista...nunca seria estrela.

E é curioso que no mundo do surf profissional, Occy destoa das estrelas, dos Slaters, dos Irons, dos Currens, dos Carrols, tanto como um buldogue numa corrida de galgos.

Admiro Occy. O homem ainda surfa como no tempo em que o surf era de linhas definidas, rasgadas, violentas, como pinceladas furiosas de um artista maldito (Não me esqueço de Fanning, mas é diferente...). Do tempo em que os surfistas gozavam com os saltos do bodyboard e mantinham-se irredutíveis na sua linha.

(Agora tentam imitar as manobras aéreas do Bodyboard e continuam a gozar. Não percebo, mas isso é outra história)

O homem teve glória, teve queda, teve doença, álcool, drogas, e glória novamente, com títulos e tudo. Não que os artistas, os heróis, precisem de títulos, mas os "outros" acham piada.

Occy é um touro, um ídolo com pés de barro. Do mesmo barro de que Adão foi moldado (Na verdade acho que foi feito de areia molhada e sal, mas enfim...) Occy é humano e vai retirar-se. Diz que não compete mais, que acabaram os tempos de circo deste palhaço trágico. Temperamental, violento, benigno. Como o mar.

Daqui a uns tempos o Slater também se vai embora. É pena. Mas vou ter saudades mesmo é do Occy. É que Slater é perfeito e Occy... Occy é de areia molhada e sal. Como os homens.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Rana temporaria II (O salto evolutivo)


O sapo velho (ao centro na foto, para os mais distraídos) à procura da felicidade.

Rana temporaria


(Não, não é um nome do Havai)

Eu nem queria



Dizem que há imagens que valem por mil palavras. Tenho dúvidas, mas neste caso ... Para quem julga que o Quilhas é um gajo porreiro, deixo um aviso: é puro engano. Tem muitos traumas escondidos e isso leva-o aos comportamentos desviantes que, quem lida com ele diariamente, lhe conhece.

Cresceu num meio formatado e com poucas letras. O Surf é para homens, o Bodyboard para meninas. As piadas dos bípedes, das esponjinhas, dos sapos, alimentaram-no durante os anos de liceu e garantiram-lhe, diz ele, algumas namoradas. O problema foi quando o Acne desapareceu. Começou a olhar para ondas grandes e quem lá estava? Bodyboarders. Começou a ver saltos pouco recomendáveis para quem, como o Quilhas, tem problemas nas costas e quem os dava? Bodyboarders. Começou a contar tubos de dez segundos e quem saia a rir? Bodyboarders. A confusão instalou-se na sua cabecinha. "Então, mas afinal os homens não são os do Surf? Então e só fazem marrecas?", até hoje procura as respostas.

Se eu vou comprar um Longboard? Provavelmente. Acho que o Surf bípede é o desporto ideal para quem não quer emoções fortes, para quem faz ondas pequenas e quem tem como maior objectivo subir e descer uma parede de 0,02m. Não estou a ficar novo e preciso de encontrar um plano de reforma ou uma alternativa para quando o mar está perfeito para o Quilhas: 0,20m, Off-shore, no Campo de tiro


Bons Tubos

Esperar


Aqui estamos, à espera do contra-ataque...
Eu, o Keith Malloy, a Belinda Baggs e mais uns tantos.

A história e o poema

Quer parecer-me que o batráquio mais novo está a preparar um golpe de Sapo. Levado pela mão do batráquio residente para as primeiras aventuras aquáticas, eis que o girino lhe toma o gosto. Não leva muito tempo a que se transforme em sapo jovem, de ambição desmedida e de olho gordo no rei da poça. O sapo velho, acometido de lesões nos membros inferiores, indispensáveis para saltar e que tanto gosta de agitar quando salta numa onda, olha desconfiado para o jovem. Sentado na sua folha, espera há anos que uma princesa apareça e, com um beijo, o salve para sempre.

Só que nada acontece. Um dia, contudo, a tal princesa aparece, prometendo-lhe não um beijo, mas uma prancha. O batráquio novo nem sonha com a traição, mas o sapo velho vê ali a derradeira hipótese de fintar o destino (mesmo estando aleijado). Já se imagina coberto de glória, longe da poça e, acima de tudo, de pé em cima de uma prancha. Mas, Ò Destino Cruel, a princesa, assustada com o entusiasmo do sapo, assusta-se e desaparece, levando com ela a prancha e o bilhete para uma vida melhor. O sapo velho chora e as suas lágrimas enchem um pouco mais a poça.

Nessa tarde, já com o coração destroçado, o batráquio velho nem sonha com o golpe que está para vir. O sapito mais novo, aproveitando a ausência do seu senhor, lançou-se ao lago, cheio de garra, e alguém registou as suas façanhas. Com as fotos na mão, correu a mostrá-las ao mestre. E o mestre, mal disfarçando a raiva, elogiou-o e garantiu que iria publicá-las no pasquim do lago, para que todos os sapinhos, e as pessoas também, as pudessem contemplar. Mentiroso, porque publicou apenas uma. Mas antes, o sapo velho decidiu destilar o veneno que lhe corre nas veias, atacando alguns bravos homens que se fizeram ao mar no último fim-de-semana, a Sul de Lisboa. Acredito que, visto da poça, tudo pareça tranquilo. O sapo velho também sabe que sim e, para se redimir, tentou anunciar a lista de bravos homens que vão enfrentar, assim Neptuno o entenda, as montanhas de água no Havai.

Para o sapo velho e para o sapito mais novo, encontrei este poema. Espero que gostem.

O Esponja está um homenzinho



Bons Tubos

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Eddi Aikau

A Quicksilver divulgou a lista para o Eddie Aikau Memorial. 28 Bravos vão estar, entre 1 de Dezembro e 28 de Fevereiro, prontos a entrar em ondas pouco recomendáveis a cardíacos.

Os Bravos;

1. Andy Irons (Hawaii) 1. Darrick Doerner (Hawaii)
2. Brian Keaulana (Hawai) 2. Chava Greenlee (Hawaii) Aikau Pick
3. Brock Little (Hawaii) 3. Kalani Chapman (Hawaii)
4. Bruce Irons (Hawaii) 4. Pancho Sullivan (Hawaii)
5. Carlos Burle (Brazil) ** 5. Taylor Knox (California)
6. Clyde Aikau (Hawaii) 6. Reef McIntosh (Hawaii)
7. Darryl Virostko (California) 7. Tony Moniz (Hawaii)
8. Greg Long (California) 8. Garrett McNamara (Hawaii)
9. Ibon Amatriain (Spain) ** 9. Ross Williams (Hawaii)
10. Jamie O'Brien (Hawaii) 10. Dave Wassel (Hawaii)
11. Jamie Sterling (Hawaii) 11. Ian Walsh (Hawaii)
12. Keone Downing (Hawaii) 12. Braden Dias (Hawaii)
13. Jason Ribbink (South Africa) ** 13. Myles Padaca (Hawaii)
14. Kelly Slater (Florida) 14. Anthony Tashnick (California)
15. Makua Rothman (Hawaii) 15. Kala Alexander (Hawaii)
16. Mark Healey (Hawaii) 16. Keoni Watson (Hawaii)
17. Michael Ho (Hawaii) 17. Derek Ho (Hawaii)
18. Noah Johnson (Hawaii) 18. Tom Curren (California)
19. Paul Paterson (Australia) 19. Nathan Fletcher (California)
20. Peter Mel (California) 20. Danny Fuller (Hawaii)
21. Ross Clarke-Jones (Australia) 21. Dustin Barca (Hawaii)
22. Rusty Keaulana (Hawaii) 22. Koby Abberton (Australia)
23. Shane Dorian (Hawaii) 23. Laurie Towner (Australia)
24. Sunny Garcia (Hawaii) 24. Manoa Drollet (Tahiti)
25. Takayuki Wakita (Japan) ** HONORARY INVITEES:
26. Titus Kinimaka (Hawaii) Mark Foo (Hawaii)
27. Tom Carroll (Australia) Todd Chesser (Hawaii)
28. Tony Ray (Australia) Tiger Espere (Hawaii)
Jay Moriarity (California)

Um DEZ.





Bons tubos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Quem não é para cagarelas ...

Já dizia a minha avó: Quem não é para cagarelas não se mete n'elas. Um clube de Surf ali da zona de Sesimbra decidiu aproveitar o fim-de-semana gigantesco para organizar um campeonato de ondas grandes. Tinham tudo: swell, apoios e 16 candidatos a big wave surfers. É aqui que começa a piada. Primeiro só apareceram 7 corajosos e os lugares do pódio foram entregues aos únicos que conseguiram descer uma onda. Os outros nem conseguiram passar a rebentação e até houve quem fugisse para um monte de pedras a 500 metros ao lado da praia.

Se eu entrava? Nem pensar nisso. Se me fartava de rir ao ver 7 meninos armados em heróis a tentar fazer surf em ondas grandes? Certamente. Já vos lembrei da frase da minha avó?

A SIC falou de ondas grandes e de uma sessão de tow in. Parece que a primeira paragem dos radicais foi, às sete da manhã de Domingo, na Praia do Norte. Aí, meus caros, os sets tinham mais de dez metros e o melhor remédio foi descer até ao spot (muito pouco) secreto na zona Oeste nacional. Se são Grandes? São sim senhor. Se eu entrava? Nem pensar nisso é bom. Respirar é uma daquelas coisas que prezo. Se é ridículo fazer tow in em ondas daquelas? Claro. Se o jornalista que fez a peça é incompetente? Claro. Então, não seria mais notícia contar que no mesmo local estavam dois bodyboarders a apanhar as ondas "a braço"?

Uma verdadeira onda para heróis




Bons Tubos

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Épico


Estava hoje tentado a classificar uma sessão na Costa de Caparica como épica, ainda de papinho cheio com umas saborosas esquerdas de metro, e a pensar num "encore" para amanhã (entretanto abortado por razões profissionais), quando o meu parceiro de blogue e confrade das pranchas de esponja, Cocas, me deixou a seguinte mensagem:

Domingo de manhã prevêem-se ondas de 10 metros, com sets maiores na Praia do Norte.

Épico...bem, de facto, há palavras que não se devem usar de ânimo leve.

Deixo-vos uma amostra para heróis. Rezam as crónicas que com 4 metros o chão treme. Com 10 metros...se são de rezar,é pá, então dediquem uma oração ao povo da Nazaré.

No campo da estupidez

Há gente que, por mais que goste do mar, devia evitar entrar no campo da estupidez. Estes, não há forma de aprenderem. Obrigado ao Quilhas por me ter mandado este link.




Bons Tubos

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O Homem

Silvano Lourenço, de Peniche, é campeão europeu de bodyboard. A análise, os elogios e as queixas do costume sobre a falta de apoios vs os bons resultados ficam para quem sabe da arte (os dois batráquios residentes). Estas oito linhas são apenas para dar os parabéns ao Homem. Da próxima vez que pararem na areia em Supertubos, por o mar estar muito grande, esperem um pouco. Quando o Silvano sair, depois de mais um tubo impossível, podem dar-lhe os parabéns. o Homem merece, acreditem.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Saudades

Hoje pensei em escrever um post chamado "Coisas que o Quilhas nunca vai perceber". Achei melhor ficar quieto. Ele não é mau rapaz, nem sequer acredita em metade dos impropérios que vocifera para a nação de boogies e até tem dois exemplares históricos guardados em casa. Por mim, continuo na mesma: caguei no veículo, um dia ainda quero saber fazer uma daquelas curvas que divertem tanto os surfistas e ainda não perdi a esperança de conseguir caminhar num pranchão.

É engraçado, mas é quando fico muito tempo sem ir à água que me sinto verdadeiramente "agarrado". Já lá vão duas semanas passadas a seco, está a chegar a terceira, e começo a sentir dificuldades em comunicar com o mundo. Pior: a eventualidade de vir a ser operado a um joelho faz-me prever um período bem maior sem poder calçar as minhas, nas palavras do Quilhas, "barbatanas às cores". Para aumentar a dor: tenho uma prancha nova a exigir mais treino.


Deixo-vos com o senhor Jeff, o dono da minha prancha de sonho ...




Bons tubos

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Quando o sapo crescer...

... talvez consiga compreender.



Morning of the Earth

Tempo dos Mais Novos


O Cocas, afinal, parece que tem um amigo. É verdade que se chama Esponja e que partilha com o nosso querido sapo o gosto por material rasteirinho. Mas isso, amiguinhos, os gostos de cada um são os gostos de cada um. E não nos cabe julgar ninguém. Mesmo que as pessoas adorem pranchas em tons de rosa, como é o caso de ambos (Não digam a ninguém, mas sonham os dois com material como o da foto). Enfim. Tudo isto para vos dizer que há um novo batráquio no lago, convidado pelo batráquio residente.

Convidado, mas com cautelas. Para já, parece que não lhe deu indicações sobre como assinar os 'posts'(até chorei ao ver aquele "assinado: Esponja). Nem para eles são bons.

Verdade seja dita, parece que este sapo é certinho (ao contrário do outro ainda não colocou fotos de mães de família com os seios à mostra). Mas é preciso desconfiar. Por outro lado, tenho de admitir que já partilhei uma sessão muito boa com o novo batráquio (o residente estava ausente) e que gostei de o ver dar às perninhas para entrar nas ondas com a sua pequena prancha mole. O residente também se atira (até na Nazaré, dizem as bocas de sapo). Mas sempre que vou à praia com o dito, a coisa corre invariavelmente mal. E a culpa não é minha.

Bom. Cá estamos. Dois contra um, sem honra nem glória. Mas resistirei, orgulhoso da minha posição bípede, fruto de milhões de anos de evolução. Se fosse para continuar deitado dentro de água, preferia ser sardinha.

Venham elas!!!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

The Search


Correndo o risco de ser processado pela Rip Curl pela utilização abusiva do "The Search" promovido pelo gigante comercial para o título deste post, vamos falar de buscas, da viagem.

Passamos a vida a sonhar com ondas, o que é normal. O que não é normal é quando estamos nos nosso picos habituais e continuamos a sonhar com ondas. Porque há tanta gente que temos que lutar que nem cães para ficar com o nosso quinhão.

Não sou daqueles que demonizam a democratização dos desportos de ondas. Ninguém deveria morrer sem conhecer o nosso cada vez menos secreto segredo.

Só que o crowd farta. Sobretudo se não tiver educação. E infelizmente, como nas estradas, como em tudo o que diz respeito aos portugueses, a educação é mesmo uma excepção.

E é aí que entra a procura, a viagem. Porque descobrir uma praia vazia, uma onda que não conhecemos, um pico novo, é como descobrir um tesouro. E não acho que quem mantém os seus spots secretos tenha de ser censurado. Pelo menos na minha perspectiva. Afinal, estão apenas a reservar aos outros um outro prazer equivalente ao de descer uma onda: descobri-la.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Prazeres

Honrado. É como me sinto. É, de facto, um enorme prazer partilhar este espaço com dois veteranos e consagrados amantes das ondas.

Quero confessar que durante muitos anos fui apenas um amante platónico do mar, embora com uma preferência pelo Bodyboard que me ficou da distante década de 80, quando a modalidade merecia destaque igual ao do surf.

Infelizmente, apesar do esforço para juntar uns cobres para o material, mesmo sacrificando as férias (na altura, uma MACH 7 custava 30 contos e uma BZ diamond uns escandalosos 50 contos, sendo que o ordenado mínimo era aí de 45 contos), tive de relegar esse sonho para o esquecimento durante cerca de 15 anos. Até que um dia fui salvo pelo meu amigo Cocas.

Entrámos numa loja e de uma penada recuperei o meu sonho (O tempo foi generoso com o meu poder de compra).

Estreei-me em Peniche e a partir daí nunca mais fui o mesmo. Só penso em ondas, só respiro ondas, só sonho com ondas (e algum sexo de quando em quando).

Agora, este convite marca mais um momento memorável de ondas. Para as surfar de outra maneira. Agora só me resta prometer que as minhas prestações nesta praia da blogosfera serão bem melhores que as das outras praias, aquelas que amo.

PS: Peço desculpa por esta primeira atrapalhada intervenção mas é da emoção.

Ass: Esponja

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Preciso de ondas

Não tenho mais nada a dizer.



Bons tubos

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E se fosse esta a minha praia?

Não gosto de quem se julga dono de uma praia. Detesto quem está na água aos gritos a anunciar que é dono do pico. Não percebo as cenas de porrada. Mas e se fosse esta a minha praia? Será que me tornava black trunk e passava a distribuir pancada por todos os que surfassem mais do que eu? Duvido, mas deve ser o único sítio do Mundo onde os locals têm alguma desculpa.



Bons Tubos

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O novo campeão

Parece que há um novo rei entre os Quilhas. Aqui ficam os meus parabéns.
Não sei se será o melhor do mundo, mas quem anda assim em cima de uma prancha merece, pelo menos, muito respeito.

Parabéns






Bons Tubos

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Tenho de assumir a derrota ...


Pois é, não há como competir com o surf, o desporto da moda. Isto de tentar partilhar o espaço com a gente dos Morangos com Açúcar globais não é fácil. Todas as estrelas são surfistas, todos gostam de dizer que fazem surf e namorar com um ou uma surfista fica sempre bem no currículo. Parabéns: praticas o desporto da high society. Já viste as namoradas dos pilotos de F1? E do Tiger Woods? Upa upa ...
Ao contrário do Surf, no Bodyboard a gente que interessa está dentro de água. Apresento-te a Daniela Freitas, 33 anos, mãe de dois e bi-campeã mundial de Bodyboard.
Bons Tubos

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Curioso


Sinceramente, não queria que a discussão fosse por este caminho. Mas, como diz o outro, se é para a desgraça, é mesmo para a desgraça.
(Mal posso esperar para ver o que vais articular depois desta).

Esta senhora é a mais recente conquista de Mr. Sl8r (numa lista que não é apenas longa, mas também de alta qualidade).
Se arranjares um cocas ao mesmo nível, garanto-te que pego nos barbatos e quinta-feira estou lá de esponja.

Ela chama-se Bar. Bar Rafaeli. E não olhes muito.

Estás esquecido?







'Hat trick' no ano perfeito do campeão Manuel Centeno

Campeão do mundo, europeu e nacional de bodyboard. Dizer que 2006 foi um ano perfeito para Manuel Centeno é pouco e nem o próprio o sabe classificar. "Fiz o hat trick", brincou, confessando ao DN que vencer o mundial foi "um pouco mais especial": "Deu-me mais prazer devido à intensidade emotiva. Foi decidido no último heat e contou com atletas de grande qualidade."

in Diário de Notícias

A tua cabeça devia estar ali...


(...mesmo ao pé das quilhas)
Amigo Cocas
Excelente réplica. Infelizmente, isto não é um campeonato da IBA.

Ponto prévio. Já falei várias vezes com o Manuel Centeno e acho que é um tipo exemplar. Excelente atleta, bom aluno e bom carácter. Dentro de água, seja em provas ou no free-surf, é o que se costuma chamar um boa-onda.

Dito isto, não me parece de grande honestidade intelectual comparar duas realidades que, tirando o mar e as ondas, pouco têm a ver. Quando, quase disfarçadamente, referes que os euros são poucos, esqueces que esse facto não é acessório. É essencial. Por muito que te custe, não é o bodyboard que alimenta as receitas das marcas. Há 10 ou 15 anos, até eu acreditava que sim, tal o número de sapinhos (eu incluído) que chegava à praia de santalon. Tal como a realidade, porém, também evolui.

Por isso, repito, acho que não é muito correcto atirar com o ranking da IBA à cara do teu vizinho de blogue. Se te esforçasses mais um bocadinho, se calhar tinhas encontrado um português qualquer que ganhou uma prova numa modalidade qualquer, onde estavam gajos de 10 países, e que agora é campeão mundial não sei de quê.

O Tiago não fez 3 ou 4 campeonatos. Fez dezenas, ao longo de vários meses. E fê-lo ano após ano, contra os melhores de todo o mundo - e não são 10 ou 15 - são milhares. Ao menos respeita isso.

Até lá, vê lá se consegues mandar um cutback assim.

E se o Saca fosse nº 3 do MUNDO?

Estimado Quilhas


Meu caro e estimado Quilhas.

Claro que é muito mais complicado para um português chegar ao WCT do que para um Sul Africano, esse país endinheirado onde todos têm dinheiro de sobra para pranchas e replentes de tubarão.

Naturalmente que um australiano ou um americano tem outras vantagens, mas a festa que se faz a um gajo que anda há uns três anos completamente dedicado a tentar chegar à 1ª divisão é, no mínimo, um bocadinho irritante.

Imagina lá se fosse um quilhas a estar em número 3 do ranking mundial de Surf. Faziam-lhe estátuas em Ribeira d'ilhas? Estampavam t-shirts nos campeonatos? Ou baptizavam praias com o nome d'Ele?

Só para que conste:

IBA

Mens World Tour
1 Ben Player 3271
2 Amaury Laverhne 2905
3 Manuel Centeno 2556
4 Magno Oliveira 2551
5 Mark McCarthy 2523
6 Luis Villar 2500
7 Uri Valadao 2423
8 Mike Stewart 2408
9 Jeff Hubbard 2357
10 Dallas Singer 2246

Sim podes dizer, e com razão, que comparado com o WCT, o Iba Tour é um competição amadora. Mas os apoios (€€€€) também são bem menores e nem por isso o nível na água é mais baixo ou os adversários são mais fáceis de bater. A falta de euros torna o esforço ainda maior e o retorno bem menor. Achas que vão organizar um Centeno Tour?

Boas ondas

A viagem


Amigo Cocas

É bom voltar ao Fundo De Pedra e é bom saber que continuas por aqui. Já não é tão bom constatar que, ao fim de todos estes meses, continuas pouco atento ao que se passa (literalmente) por cima da tua cabeça. E o teu último contributo é o sinal mais evidente disso mesmo.

Se olhares com atenção para a lista provável de estrelas do WCT do próximo ano, facilmente poderás reparar que, excepto o Tiago Pires, todos os outros têm algo em comum: são naturais de países com vários milhões de habitantes - o mesmo é dizer com mercados mais do que apetecíveis para as principais marcas mundiais.
Podes atirar-me à cara os sul-africanos, JS incluído. Mas não vale a pena. O rapaz-maravilha é mesmo isso, uma maravilha. E todos os outros, excepcionais, apenas seguem uma tradição que começou com Shaun Thompson.

Portugal, com alguns milhares de consumidores permanentemente aflitos de dinheiro,não é, por certo, a salvação da indústria do surf mundial. Nem sequer anda perto. Por isso, que um português chegue à elite do surf, para disputar campeonatos patrocinados por essas marcas, em ondas de sonho, é extraordinário. E alcançado à custa de muito trabalho, de muitas desilusões de última hora, de muitas notas que ficaram aquém. A prova é que, ao contrário dos JS desse mundo, Tiago Pires chega ao WQS com 27 anos. Tarde, mas por mérito próprio. O que interessa se fica ou se sai? Já lá está e agora é aproveitar, e nós com ele, cada onda, cada heat, cada campeonato. No fim, logo se vê.

O mais importante não é o destino, amigo Cocas, é mesmo a viagem.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Até é bom rapaz, mas ...

Até é bom rapaz, mas acho que vai ter um ano muito doloroso. Saca, aka Tiago Pires, vai tentar a sorte no WCT.



Eu, que até simpatizo com a figura, acho que vem recambiado para o WQS assim que a época acabar.

Porquê?

~

Aceitam-se apostas.

Bons tubos

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

No canal


Nestes anos todos que levo de mar, não me lembro de uma única vez ter ouvido ou falado de uma remada clássica até ao pico. É verdade que há histórias fabulosas de tipos que conseguem chegar ao pico em dias impossíveis, mergulho após mergulho, indiferentes aos dois ou três metros que rebentam com barulho na praia. E também dos outros, que voltam para trás e ficam na areia a ver os amigos. Mais ou menos vezes, já nos aconteceu a todos as duas coisas. Sem dramas, há sempre uma próxima vez.
Mas não é disso que quero falar. A discussão de hoje é sobre aqueles instantes entre dois momentos perfeitos: uma onda acabada e a seguinte. Talvez por isso, por ser ao mesmo tempo um fim e um início, ninguém se dê ao trabalho de discutir a remada de volta ao pico. Por isso e também por, normalmente, o protagonista desses instantes ser sempre outro tipo qualquer.
Por mim, chega. Confesso que já passei bons momentos a remar de volta pelo canal e a ver algum sortudo dropar uma onda e meter para dentro ou a atirar-se a um lip sem medir as consequências. E, se fico chateado por não ser eu (embora tenha acabado de o fazer e me prepare para repetir a dose), fico feliz pelo sortudo.
Talvez seja a melhor resposta à pergunta "O que fazer entre dois momentos de felicidade?"
Ver a felicidade dos outros, digo eu

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Rituais (no regresso)




Há rituais que mais ninguém percebe. Porque raio alguém, às sete horas de uma manhã de Inverno, troca o conforto da cama pelo vento gelado de uma praia? Porque raio, quando o frio leva o mundo a ficar na areia, há sempre alguém que se lança mar adentro? Então e andar descalço em alcatrão quente? E ir à procura de ondas em montes de pedras infestados de ouriços? Há mesmo rituais que mais ninguém percebe.

Hoje ao almoço, numa conversa com um camarada acabadinho de sobreviver à sua primeira experiência nas ondas, lembrei-me de um momento que me marcou a vida. Num dia de temporal, a inexperiência fez com que me vestisse a rigor – de fato de neoprene e pés-de-pato – para ir visitar a minha amiga Baía. Nem tinha tinha ido ver como estava o mar e depois de um gelada caminhada até ao areal, tive o meu primeiro choque: além das ondas me parecerem gigantescas, o mar estava zangado. Espumas enormes iam desfazendo os poucos surfistas e bodyboarders presentes e não havia um centímetro onde a água não estivesse revolta. “Vai correr muito mal”, foi a primeira coisa que me passou pela cabeça.

Aos 16 anos, julgava-me indestrutível. O corpo era elástico, a moral estava alta e andava desejoso de provar aos surfistas, aqueles que já tinham barba, que até era um puto rijo. Não havia como fugir: tinha mesmo de me fazer à água. Depois de um aquecimento, estranhamente prolongado, lá fui. Lembro-me de remar e mergulhar, de ser metido na máquina de lavar roupa e de ser empurrado para a areia. Lembro-me de voltar a tentar, tentar, e tentar mais algumas vezes. Não sei quanto tempo demorei a passar a rebentação, mas lembro-me de chegar às traseiras das espumas mutantes. Não esqueço a descarga de adrenalina que senti assim que me apercebi que tinha sobrevivido. Não esqueço as saudações de respeito que os surfistas barbudos me lançaram, nem a vertigem da primeira onda. Mais do que tudo isso, não esqueço a primeira vez que parei – bem atrás da zona de impacto – para me sentar na minha prancha. Nesse momento, apercebi-me que estava sozinho e rodeado por dezenas de quilómetros quadrados de toneladas de água zangada. Não sou especialmente corajoso, nem tão pouco sou inconsciente, mas não tive medo. Senti-me pequenino e fiquei parado durante largos minutos. Só queria ver.
Nesse dia, ganhei respeito ao mar, mas deixei de o temer. Até hoje estou convencido que é na água salgada que estou mais seguro e nos últimos onze anos, ganhei barba e nunca deixei de a visitar regularmente. Aprendi a apaixonar-me pelas madrugadas de Sábado, pela a areia gelada, pelo cheiro a sal que trago para casa, pela água gelada que entra pelo colarinho do fato e até pela primeira espuma que me molha a cara. Apaixonei-me pelos rituais que ninguém percebe, mas que justificam todos os lugares comuns – que têm tanto de verdadeiros como de ridículos – que os surfistas dos areais repetem às meninas. Já fiz ondas de ressaca, constipado, com a digestão por fazer, em vagas de frio e, recentemente, até tenho ido ao mar com um joelho em vésperas de ir à faca. Tenho é de ir. Sempre.

A conversa de almoço e a (forte) possibilidade de ter de passar o próximo fim-de-semana a seco, fizeram-me chegar a uma conclusão: vou ter de comprar uma canoa. Quando for velhinho, com a barba branca, carregado de reumático e com os pulmões fodidos de tantos anos a fumar, dificilmente vou aguentar passar a rebentação com uma prancha de Bodyboard. Como não sobrevivo sem água salgada, o melhor é começar a poupar.
p.s: Este é o regresso à actividade de um blog que nunca chegou a fazer um grande take-off. Vamos lá ver se é desta

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Manifesto - no Ondas


O estado das coisas

Manifesto para que Portugal seja a "Califórnia" da Europa

Houve um tempo em que queria ser surfista profissional. Na verdade eu fazia bobyboard, mas isso, para mim, nunca foi diferença, eu era, sempre fui, surfista e para mim ser bodyboarder profissional era ser surfista, ou vice-versa. Depois a vida obrigou-me a seguir outro caminho e hoje trabalho para poder surfar em vez de ter no surf o meu trabalho. Isso não é nem bom nem mau, é assim. Não me arrependo, nem me culpo por nada. Fiz muitas escolhas no caminho e gosto do resultado a que cheguei. Mas nunca perdi a chama da paixão inicial pela ideia de uma vida unicamente dedicada às ondas e a tudo o que gira em torno das ondas. Vou ao mar sempre que posso, colecciono revistas, compro filmes na net, sigo os campeonatos on-line enquanto preencho os mapas de contabilidade, colecciono pranchas, participo neste blogue, sou surfista. É nessa condição que escrevo isto.
Olhando de fora o estado do Surf em Portugal e no mundo, algumas coisas saltam imediatamente à vista e merecem ser analisadas. Nos últimos tempos, o universo das ondas em Portugal tem estado em grande agitação. Uma sucessão de excelentes resultados, tanto a nível individual, como por equipas, trouxeram ao Surf e ao Bodyboard português uma projecção e um reconhecimento inusitados. Se for bem aproveitado, acredito que este momento pode ser o início de uma extraordinária época para Surf, Bodyboard e outros desportos de ondas em Portugal. Mas para que isso aconteça importa, talvez, parar um pouco para pensar o estado das coisas. Perceber como chegamos aqui, o caminho que foi percorrido, os erros e os sucessos, o que correu bem e o que correu mal. Onde estão hoje o Surf e o Bodyboard em Portugal? Não quero, de maneira nenhuma, regressar à velha discussão Surf vs Bodyboard, quem é melhor, quem se atira mais, quem tem melhores resultados, quem é mais reconhecido, blá, blá, blá... Já ando nas ondas há muitos anos e já levei com todos os insultos, já ouvi todos os disparates e tive essa conversa tantas e tantas vezes que não consigo mais. Para mim, e esta é talvez a única certeza que tenho na vida, ondas são ondas, independentemente da maneira como as gozamos. Desde o puto que todos os verões nas férias faz carreirinhas na praia, até aos pescadores de Rabo de Peixe que apanham vagas para entrar em porto, passando por body, knee, short, fish, long, tow, paddle e todo o tipo de boards, ou não boards, para mim são todos surfistas pela simples razão de que o Surf não está no instrumento que usas para apanhar a onda, mas esta na própria onda, na maneira como a aproveitas e no prazer que tiras dela. A única discussão que penso que vale a pena ter hoje em dia é sobre o estado da competição e, por maioria de razão, o estado da indústria e do negócio do Surf.
Olhando para o mundo da competição em ondas, em Portugal e internacionalmente, mesmo o mais desinteressado dos observadores percebe que hoje o dinheiro está todo metido num conjunto de mais ou menos 100 tipos em pranchas a maior parte das vezes pouco maior do que 6’ 0’’ e que entre o CT e o QS vão fazendo campeonatos pelo mundo em ondas umas vezes melhores outras vezes piores. Mesmo outras provas sancionadas pela ASP, como o campeonato feminino, ou o de Longboard, não tem nem metade da importância mediática, financeira e, quem sabe mesmo, desportiva, que os atletas da tour da cerveja e os poucos que lutam para lá chegar. Nem sequer vale a pena falar do Bodyboard, ou do Kneeboard, ou do Skimming, ou mesmo do Tow-in. Esses simplesmente foram atirados para uma espécie de limbo onde apenas os verdadeiros aficionados se esforçam por acreditar naquilo que mais lhes diz ao coração. Para quem, como eu, assistiu ao boom dos desportos ditos radicais no final dos anos 90 este estado das coisas não pode deixar de ser surpreendente e até mesmo um pouco triste. Algo correu mal ao longo do caminho para chegarmos ao estado em que estamos hoje. Eu tenho uma teoria sobre o assunto, que passa pelos CEO’s de marcas como Quiksilver, Billabong, Rip Curl e mais uma ou outra das grandes marcas de surfwear. Estes senhores, a determinada altura, decidiram entre eles que iam dirigir o grosso do dinheiro para o segmento 6’ 4’’ x 18 7/8 x 2 5/16. Acredito também que Kelly Slater e Andy Irons e uma muito bem explorada rivalidade entre os dois teve um papel determinante neste desenvolvimento. O facto é que a partir do virar do milénio o fosso entre o investimento das grandes companhias nos circuitos CT e QS e noutros campeonatos se tornou brutal ao ponto de inadmissível. E era bom tentar perceber porquê para alterar o estado das coisas.
Para mim esta discussão é importante porque sou dos que acredita que a competição desportiva é um dos elementos fundamentais para a credibilidade de um modo de vida numa sociedade plural e democrática. A competição é a grande montra de um desporto na sociedade, principalmente porque é através dela que o geral das pessoas toma contacto com um determinado desporto. E é também a competição que muitas vezes permite a solidez de uma indústria que por sua vez permita que quem quiser ganhar a vida nesse desporto o possa fazer. Sem competições devidamente estruturadas e mediatizadas a margem de progressão é mínima e isso só se consegue com investimento. O permanente autismo da indústria tem limitado o desenvolvimento dos desportos de ondas na sua totalidade focalizando o potencial de crescimento apenas num segmento em detrimento de todos os outros. A culpa está dos dois lados, tanto das empresas como dos atletas e dos adeptos e praticantes. Estes últimos porque abdicam do verdadeiro poder reivindicativo que tem na compra de material e equipamento que é o sustento das empresas. Por exemplo bodyboarders que compram surfwear da Quiksilver, ou da Rip Curl, ou de qualquer um dos grandes sem que estes reinvistam proporcionalmente no bodyboard. Os atletas porque muitas vezes se sujeitam às determinações das empresas penhorando assim a sua própria autonomia. Como é o caso de um sem número de jovens esperanças que aceitam contratos com retorno apenas de equipamentos e com cláusulas impróprias de objectivos. As empresas porque vampirizam abusivamente o universo das ondas com o fim único da performance financeira. Exemplo maior disto é a localização e as datas dos principais campeonatos da ASP. Há excepções, é claro, para este cenário, mas na generalidade isto é mesmo assim.
Passando ao caso português algumas coisas devem ser ditas, principalmente agora que vamos pela primeira vez ter um português na alta-roda mundial dos desportos de ondas. A qualificação do Tiago é um feito absolutamente extraordinário e merece todo o nosso elogio e orgulho, bem como a mesma quantidade de incentivo. E digo isto sabendo que em Portugal há outros campeões com resultados ainda mais significativos nomeadamente e principalmente no Bodyboard. Mas o que o Tiago pode conseguir em termos de exposição mediática e de credibilização é inigualável, não é melhor nem pior, é assim. A participação do Saca, no próximo ano, na Fosters World Tour é um momento crucial para a evolução de todo universo das ondas nacional. Tanto pelo efeito dinamizador que terá nos que virão depois dele, como também na credibilidade que as ondas podem vir a ter junto de potenciais investidores, venham eles ou não de dentro do meio. Todos os amantes de ondas em Portugal, mesmo os mais cépticos, devem ficar satisfeitos com o que o Tiago conseguiu. Da mesma maneira que devem ficar igualmente satisfeitos e orgulhosos com os feitos de um Manuel Centeno, por exemplo. As oportunidades que se abrem para o nosso país com estes resultados são extraordinárias e todos os amantes das ondas devem-se consciencializar disso e fazer um esforço comum para não perder esta oportunidade. São estes resultados que podem permitir a solidificação da indústria do Surf no nosso país, por forma a que cada vez mais pessoas possam dedicar a sua vida às ondas, em profissões dedicadas às ondas, independentemente do instrumento que utilizam para as apanhar. Há dezassete anos atrás escrevi uma carta para a SurfPortugal onde apelava mais ao menos ao mesmo que apelo aqui, mais união, mais respeito, mais alegria pelas vitórias dos outros e vontade de fazer igual e melhor. Parece que a roda fez o círculo completo, porém e felizmente, hoje estamos melhor do que há dezassete anos, mas o Surf português merece estar melhor do que está agora e é para isso que todos devemos trabalhar. Respeitando mais, exigindo mais, participando mais ou, apenas, surfando mais


Pedro Arruda, in ONDAS

Movimento VFOJS




Lançamento oficial do Movimento Vamos Foder O Jordy Smith. Apelo daqui a todos os que estão em Ribeira d'Ilhas para que econtrem o hotel e o quarto do rapaz e se sentem à sua porta. Djambés, batucadas na madeira, gritos durante toda a noite, vazarem-lhe os pneus do carro e uns calmantes na bebida do pequeno-almoço (alguém conhece empregados do hotel?) são boas formas de conseguir o nosso objectivo. Outra hipótese é marcar uma marcha lenta à porta do hotel uma ou duas horas antes do heat do menino que gosta de 'rodeos'.



Está na hora de dar uma ajudinha ao Super Quilhas - SACA!!




Boas Ondas

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Parabés Super-Quilhas!!!

"O surfista português Tiago Pires, garantiu oficialmente a qualificação para o Foster's ASP World Tour 2008, a principal divisão do Circuito Mundial de Surf Profissional, limitada aos melhores 47 surfistas do mundo. Após vários anos de luta, em que alguns dos quais a entrada ficou a escassos pontos, Tiago Pires consegue assim, a pouco mais de meio da época, garantir antecipadamente a sua participação na mais importante arena do surf mundial. Tiago tem vindo a liderar o ranking de qualificação (WQS) durante a maior parte do ano, embora neste momento se encontre em segundo lugar (mas com olhos postos na vitória).A ASP (Association of Surfing Professionals) confirmou na passada semana que existem os três primeiros classificados do WQS atletas estão oficialmente qualificados para o World Tour 2008: Jordy Smith, da África do Sul, actualmente com 12.200 pontos, Tiago Pires, de Portugal, com 11.900 pontos e Ben Bourgeois, dos EUA, com 11.688 pontos. Nas contas da ASP, todos os atletas que ultrapassarem os 11.500 pontos no ranking WQS a partir deste momento estão matemáticamente no World Tour 2008. "

Fonte: FPS

terça-feira, 24 de julho de 2007

O wipe out

Já está à venda o THE ROAD - um filme gravado durante uma viagem de aussies por algumas das ondas mais agressivas da sua terrinha. Muito antes de se conhecerem os pormenores das filmagens ou os, sempre secretos, pontos de paragem, já se sabia: o Brenden Newton - com quem o Quilhas gozou há uns tempos - tinha tido um acidente.

Desde quando um wipe out de um australiano é notícia? Passam a vida a surfar ondas mutantes, sempre em cima de pedras, e no fim ainda se riem. Desta vez foi diferente, e bem podem tentar imaginar o que é preciso para uma onda levar um australiano a aproximar-se de Deus ...



Bons tubos

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Finalmente!!!

Finalmente!

Assumo já: não gosto da VERT. Compro religiosmanente todas as edições - desde o número 1 da Bodyboard Portugal - mas só para dar uma ajuda ao desporto. As fotos são más - quantos bottom turns se conseguem publicar numa só edição? - os artigos são mal escritos e ainda pior pensados. Agora finalmente, chegou a Portugal uma das melhores revistas do mundo: A Movement. Propriedade do Ben Player, a qualidade é irreprensível e,embora ainda longe do nível da Surfer, é uma alegria poder comprar uma revista de BB não-adolescente!

BBShops, bancas de jornais e no Corte Inglés, por seis euros! Tudo a correr para esgotar a edição e garantirmos que as próximas edições também chegam!

Boas ondas!

terça-feira, 10 de julho de 2007

O post mais curto...

Se ainda tem dúvidas, clique aqui

sábado, 7 de julho de 2007

Uma questão de linha

Ainda há dias discutia isso com o Quilhas. Afinal são o número de rodas e voltinhas que definem um grande surfer ou será que o estilo e a linha de onda são o mais importante? Jordy Smith ou Rob Machado? Ryan Hardy ou Jeff Hubbard? (notam alguma parcialidade?)

No Surf, até já há quem faça manobras que o Kelly Slater não consegue aterrar. No Bodyboard, há muito que o Mestre se deixou ultrapassar pelos homens de borracha australianos. Perdeu estatuto ou ganhou classe? Não sei, mas em Pipeline, o senhor das ondas vai deitado. Todos o conhecem pelo nome: Mestre Mike!




Bons Tubos

P.s: Optei por não responder à provocação do meu companheiro Quilhas. As ondas farão justiça!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Cocas, Ryan e as russas


O meu amigo Cocas - sim, aquele que enche este humilde estabelecimento com post de rapazes a andar na praia (ver exemplo abaixo) - não cabe em si de contente. Amanhã, ao que parece, vai estar na praia com duas raparigas russas loucas para apreender a fazer bodyboard. Quem já as viu, garante que são de parar o trânsito. Eu não sei, mas admito que sim. Isto tudo porque o meu amigo Cocas fez questão de me comunicar que não estaria na praia do costume. E sorriu quando explicou porquê. "Duas russas, ehehehehe!!!!" Bom. Como sou uma pessoa bem educada, respondi-lhe por escrito. Assim.
"Agora que penso a sério nisto, podes ficar por cá. À noite, quando te estiveres a virar de um lado para o outro da cama, com suores frios a pensar nas russas em fato de banho e nos porcos todos que ficaram a olhar para elas, eu vou estar KO, estendido no leito, com a cara a arder, os olhos cheios de sal e o nariz cheio de água. Se calhar, vamos fechar os olhos ao mesmo tempo. Tu vês as russas: estavam tão pertos que lhes podias tocar, mas não. Não vais tocar em nenhuma. Será um pouco como passar duas semanas num stand da Ferrari com os carros todos fechados e nem uma chave à vista. Vais andar por ali, com água pelo joelho a brincar aos putos estúpidos que fazem carreirinhas. Por isso, caro Cocas, não vale sequer a pena contar-te o que vou ver. Não ias compreender."

Como diria o amigo aí da foto. "Toma!!!"

Ryan Hardy

Umas ondas para matar saudades...




Bom fim-de-semana

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Mr. Price, Mr. Saca


Esta é a história resumida do primeiro heat do Tiago no Mr. Price Pro :
Heat #21
Mr Price
Round of 96
More info ...
singlet plc pts name from
Red 1 13.90 Tiago Pires PRT
White 4 8.77 Kai Otton AUS
Yellow 3 9.90 Quintin Jones ZAF
Black 2 11.03 Jeremy Flores FRA
Aguardemos.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Sempre a somar!





Enquanto estive de férias, começou e acabou o Eurosurf. Mais uma vez os "boogies" foram lá e sem grande dificuldade limparam, franceses, espanhóis e afins ... Os "quilhas", sem ganharem nada, também ficaram entre os primeiros. Está tudo de parabéns!

Agora a parte que me irrita!

Há muito que o Hugo Pinheiro e o Manuel Centeno merecem outras condições - entendam-se €€ - para andarem mais tempo lá por fora. Se fizessem surf seriam eleitos heróis nacionais, apareceriam em anúncios da TMN e até seriam capa da VISÃO. Fizessem eles surf e todos saberiam que o Hugo Pinheiro está há dois anos entre os 16 melhores do mundo e que o Centeno já ganhou um Mundial. Fizessem eles Surf e não teriam de andar à boleia para ganhar europeus.

Desculpem lá a azia, mas a verdade é dura: os euros pingam para os quilhas e as taças pingam para os "cocas".

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Quem procura...


Andy Irons venceu no Chile. O ano passado tinha ganho no México. Os dois primeiros Rip Curl Search têm, assim, a sua assinatura no final. Como será em 2008? Para já, Fanning fez um terceiro e segurou a liderança. Damien, mesmo batido na final (em que passou quase metade do tempo à procura da primeira onda)surge logo a seguir. AI e Taj fecham os quatro da frente. E Slater? Encontrará motivação para sair do 5.º? Quem viu o seu último heat em Arica sabe que tudo é possível. Ainda mais em J-Bay, palco de uma das mais espantosas (Slater derrotou AI) reviravoltas na história da ASP. Faltam 12 dias.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Onda perdida


O Sam George, a Holly Beck e o namorado dela estiveram em São Tomé. Os mais fiéis lembram-se, com certeza, de há uns anos ter visto na Surfer a fotografia de uma inacreditavelmente pequena e perfeita direita algures em África. Não estava escrito em lado nenhum onde era, mas, com alguma paciência e duas ou três leituras das legendas e das fotos, era possível perceber que se tratava do Ilhéu das Rolas. O artigo, se bem me lembro, contava as aventuras de Sam e do aventureiro Randy Rarick em alguns dos cantos mais 'esquecidos' do mundo. Nesses dias quentes ao largo de África, Sam e Randy ensinaram um miúdo local a surfar - como tinham feito tantas vezes em tantas praias. Agora, passados alguns anos, sem o Randy, mas com a Holly Beck e o namorado dela à boleia, Sam George regressou a S. Tomé.
A viagem até ao reencontro com o menino surfista chama-se Lost Wave
A Holly Beck conta como foi.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ajudem o Super Quilhas



É verdade que é quase doentia a adoração que os Quilhas do nosso país sentem pelo Saca, mas está na altura de ajudar o nosso "Super Quilhas". Parece que os senhores da ASP o excluem de tudo o que é sondagem e lista de candidatos ao WCT, mas agora a Surfer colocou-o entre os melhores do WQS e fez a pergunta: Qual deles merece estar entre os melhores do mundo.

http://surfermag.com/features/onlineexclusives/poll-wqstowct-2007/

É para ir votar!

Boas Ondas

terça-feira, 19 de junho de 2007

Aqui e agora

You will never be happy if you continue to search for what happiness consists of. You will never live if you are looking for the meaning of life.
Albert Camus

Uma questão de estilo

Feitas as contas, nas ondas só o estilo conta. Seja numa BB ou num barco de fibra, a diferença no line-up só se consegue com fluidez e energia.

Aqui deixamos uma homenagem ...




Boas ondas

terça-feira, 12 de junho de 2007

Por mim, não vou ...

Olhem bem para esta foto. Já viram bem? Olhem bem ...
"Gostava de ir a Teahupoo!". Da próxima vez que isto vos passar pela cabeça, desenganem-se, tenham juízo e voltem a enfiar a cara na almofada.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Enquanto isso...


... nas Maldivas


singlet plc pts name from
Red 1 13.93 Tiago Pires Prt
White 4 8.57 Wade Goodall Aus
Yellow 3 9.64 Mark Mathews Aus
Black 2 12.00 Brett Simpson USA


Cenas do próximo capítulo aqui. Já agora, e remando para o mesmo lado dos nossos amigos do Ondas, aproveitem para não votar naquela coisa que surge do lado direito. É melhor enviarem um email para hollyt@surfingaustralia.com e recheá-lo com o nome do Tiago Pires. Pode ser que eles compreendam...

Sonhos molhados

Um fenómeno frequente na adolecência voltou a manifestar-se: tive um sonho molhado. Em vez de voluptuosas modelos, nuas e de olhar maroto, sonhei com um bocado de PP, cortado à medida das ondas das Maldivas. A VS do Ryan Hardy, desenhada por Todd Quigley (aprendiz do Metz), tem 41,25 polegadas que podiam ter sido feitas para mim. São 270€ de sonho.

Dizem: é cara, há pranchas boas a metade do preço, as Deeply, as HB, ... Pois. Em puto a Pamela Anderson preenchia as minhas fantasias e hoje sou mais pela Monica Belluci. Vinho desde que fosse muito e tinto garantia a festa, mas hoje opto por um copo de Cartuxa. A idade refina o gosto e deixamos de nos satisfazer com aproximações. Só consumo pordutos gourmet. Nem que para isso tenha de esperar mais seis meses...

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Novidade


Que a The Surfer's Path é excepcional, já sabia. Que não é à borla, também. Mas por um mês, Junho, vai continuar a ser excepcional, mas grátis. Melhor ainda, amiga do ambiente. Pior: em Julho volta a ser paga. Até lá, é de aproveitar.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Para matar saudades

A vida não anda fácil. Não há ondas, há trabalho e não sobra tempo livre. Umas ondas para matar saudades.






Enjoy

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Eu não queria

Eu não queria. Mas ...






Bons tubos

A máquina

O meu amigo Cocas garante que este moço, Brenden Newton, é uma das "máquinas que anda aí". Aqui, merece um dez pelo esforço.

Um grande momento...

A picada do mosquito

Voa baixinho, mas pelo menos voa direito. Uma salva de palmas para o Mosquito.



Stand up, please.

Será que é desta?!

O quê?!?! Desculpem? Ars numa prancha de Surf? Backflip em prancha de Surf?






Só pode ser mentira ... Será que vão (finalmente) deixar de fazer campeonatos só a andar para cima e para baixo, para trás e para a frente nas ondas?


Bons tubos

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Vamos lá tentar sobreviver ...

O que se diz aos amigos que entram na água ao nosso lado? "Bora", "Boa sorte", "Vamos lá fazer umas", "Chega-lhe", "Cuidado com a lage", "Quem sacar o maior tubo paga o almoço", ... Estou convencido que há duas frases que são obrigatórias antes de enfrentar o Wedge: "Vamos lá tentar sobreviver" e "Tenta não comer merda".



Será que vale a pena?


Bons tubos

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Para ir à praia...

GP, Caparica 2007

... e não surfar, mais vale dar um salto à Costa de Caparica e ver ao vivo e em primeira mão os futuros meninos e meninas do WCT. Nunca se sabe se, daqui a uns anos, não vamos estar a dizer aos nossos filhos algo como: "O Garret Parkes? Vi-o a surfar na Caparica há muitos anos. Sim, filho, a Caparica era uma praia que existia perto de Almada..." Se houver muito trânsito, basta dar um salto aqui

É só contar as rodinhas

O título mundial do Jeff Hubbard só pecou por tardio. Em 2005, data do filme, já ele era de longe o melhor dentro de água e o único a jogar numa divisão à parte. Não se deu bem nos campeonatos e o Ben Player e o Mitch Rawlins souberam sempre aproveitar bem os brindes. Eles até podem andar em ondas pouco recomendáveis para quem tenha amor ao corpo, até podem ser completamente alucinados, mas será que se podem apresentar como os melhores do mundo? Humm ... É só contar as rodinhas do Hubb para perceber que não ...



Enjoy

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Poro...quê


Passou na SIC, está na Surf Portugal e também aqui no Correio da Manhã. Claro que estão lá expressões tão engraçadas e habituais como "crista" e "vagalho", mas vale a pena ler. E espreitar as fotos deste estranho pico.

Guerreiros de Peniche

A entrada, logo a seguir à rotunda, não engana. Por ali, há Supertubos. Também por ali, há ondas que com mais de um metro e meio se tornam inacessíveis para a maioria dos homens das ondas. Em pé ou deitados, só os bravos se arriscam numa onda de que todos falam com à vontade, mas que poucos conhecem por experiência própria. Eu já tive a felicidade, e também a infelicidade, de conhecer todas as facetas da praia mais conhecida do país. Por isso, ganhei um respeito especial aos Guerreiros de Peniche.




Pequeno, grandinho ou gigante lá estão eles, sempre com mau feitio e sempre prontos para lançar um grito de aviso aos mais distraídos. Ali não se perdem ondas, dificilmente os lips sobrevivem para contar a história e se o tubo abrir o mais certo é eles andarem lá por dentro. Quando está grande, daqueles dias em que aparecem misteriosas dores nos joelhos, o espetáculo, a partir da areia, é garantido. A inspiração é que pode ser perigosa.

Bons tubos

... mais longa é a razão que a sustém


Quem, como o Cocas, abre um post da forma que ele o fez não merece mais do que aquilo que teve. Ondas moles, sem lip e com muitos amiguinhos a bater as perninhas ao lado e a gritar "oi, oi". Acredito que nesta coisa do mar, e das ondas que teimam em empurrar-nos para terra, há muito de 'karma'. Os britânicos gostam de dizer que "what goes around, comes around", tipo boomerang de sentimentos e acções que rege as nossas vidas e o nosso surf. Por isso - e por ser velhaco ao ponto de estar a vestir o fato e a pegar na prancha e nas barbatanas azuis e amarelas e sempre a pensar no Quilhas, que vai ficar em terra - o Cocas teve o que merecia. Já o Quilhas, obrigado por motivos profissionais a uma deslocação de urgência para longe da base, passou o fim de semana todo a pensar nos amigos, como o Cocas, que estariam a divertir-se ao máximo e a aproveitar todas as ondas. E ficou contente por eles. Aplicando aqui a lógica do karma, no sábado nem sequer vou ter de dar a volta do costume para encontrar as melhores ondas. Visto o fato, pego na prancha e vou a pé para a minha praia. Vai estar perfeito.

terça-feira, 8 de maio de 2007

A espera é longa

Mais um fim-de-semana em que o Quilhas ficou a seco e em que o Cocas foi ao molho. A minha - sim é minha - Baía serviu de abrigo ao vento destruidor que passou pela zona Oeste, mas não chegou para matar o bicho. Moles, sem lip e com gente suficiente para fazer 10 manifestações de apoio ao Carmona Rodrigues, foi maior a irritação do que o gozo.



Agora é preciso aguentar mais 4 dias a salivar por um tubo ou por uma simples onda decente ... A espera é longa!!


Boas Ondas

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Dias alternativos


O carro avariou? A namorada não quer ir à praia? Doente? Muito grande? Muito pequeno? Muita gente? After surf? Sem sono? Com muito sono? Qualquer desculpa serve, mas a partir de agora é indesculpável não passar por aqui http://www.billabongpro.com/ e assistir, ao vivo e a cores, ao maior espectáculo do mundo. A julgar pela amostra, a coisa promete.

Então, mas não anda?



Já reparam que os relógios estão parados. O ponteiro das horas morreu, o dos minutos arrasta-se e mesmo o dos segundos parece lutar contra uma morte anunciada. Já olhei mais de dez vezes para o mostrador, perdi a conta aos olhares que lancei ao canto inferior direito do ecrã do computador e mesmo o telemóvel tem servido mais para saber em que minuto estou do que para fazer chamadas. Estou desesperado.

Devia ser proibido. Devia existir uma especialidade médica que nos medisse o grau de adição ao mar e nos protegesse de passar 5 dias a seco com o risco de no fim-de-semana apanhar o mar em formato piscina. O meu atestado médico, naturalmente escrito com letras que ninguém perceberia, diria: Grau de vício extremo, o paciente deverá fazer pelo menos uma visita diária à praia. Recomendam-se grandes doses de ondas, preferencialmente em fundo de pedra.

Amanhã há ondas? O Beachcam diz que não, mas o Windguru anuncia 3 estrelas a partir das 16 horas, com ondulação de 2.5 metros, mas debaixo de um vendaval violento. Como será que vai estar? Certamente que vou encontrar um cantinho abrigado com ondas, mas a dúvida é assassina. Durmo agarrado à minha prancha. Mesmo que fisicamente não seja fácil – é mais pequena que as de surf, mas ainda assim ocupa espaço a mais para quem está a ter sonhos eróticos com tubos – a imaginação é uma bela alternativa.

Será que amanhã há ondas? Será possível ter escrito isto em apenas 4 segundos? Então, mas o relógio não anda? Vou ver ao telemóvel ...

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Braços no ar


Seria imperdoável que este blog arrancasse sem uma referência a este rapaz. Que o gesto se repita muitas vezes nos próximos meses. Este ano, mais do que nunca, a possibilidade está quase a tornar-se certeza. O Saca tem de entrar.

Vão deitados, e depois?

Em Pipeline há dois bodyboarders com direito a arrancar antes dos temíveis black trunks: Mike Stewart e Kainoa McGee. Esteja pequeno, grande ou gigante, lá estão os dois, acompanhados pelas suas pequenas pranchas, sentados no pico rodeados por surfistas mal humorados.



McGee também faz surf, Stewart até ganha campeonatos sem prancha, mas ninguém lhes pergunta com que ferramenta vão entrar dentro de água e muito menos alguém se atreve a roubar-lhes uma onda. Ganharam o respeito dos agressivos locais pela classe com que passeiam nas ondas de Pipeline. Vão deitados. E depois?


Boas ondas

Chuva

No domingo, choveu toda a tarde. Era inevitável. Com o pequeno almoço em cima da mesa, o cheiro a café a encher a casa toda, quem espreitasse pela janela via a pequena bandeira virada a Norte, empurrada pelo teimoso vento Sul. Mais umas horas, poucas, até recomeçar o dilúvio de fim de Abril. Depois de alguns fins-de-semana de calções e janela aberta, o carro ia fechado, com o rádio, estragado, a tentar segurar a frequência da TSF. Viagem curta, dois ou três quilómetros, até parar. Algumas gotas finas já batem contra o vidro - talvez seja mais cedo do que o esperado. Subir as escadas com cuidado, bem apoiado para evitar acidentes desagradáveis na madeira recém-molhada. E depois, lá em cima, caminhar só mais um pouco em direcção àquele céu cinzento e carregado que se aproxima e dirigir o olhar um pouco mais para baixo, para aquela enorme 'piscina' de pequenas ondas perfeitas, macia do vento que vem de terra e salpicada de pontos negros. Ali perto, logo abaixo, pai e filho (pequeno, por sinal) remam lado a lado para uma linha que se aproxima. Uma outra rebentou à frente. Perfeita. Viram-se para mim, talvez tenham sorrido um para o outro. Noto mais umas braçadas, poucas. Cada um para seu lado, estão ambos de pé e em movimento sem se mexerem. Eu também estou de pé, se alguém com uma perna suspensa na muleta pode estar de pé. É verdade, também sorri. Mas parado. E voltei para casa, no banco de trás, com a mulher e a filha à frente. O resto, já se sabe. No domingo, choveu toda a tarde.