quinta-feira, 3 de maio de 2007
Chuva
No domingo, choveu toda a tarde. Era inevitável. Com o pequeno almoço em cima da mesa, o cheiro a café a encher a casa toda, quem espreitasse pela janela via a pequena bandeira virada a Norte, empurrada pelo teimoso vento Sul. Mais umas horas, poucas, até recomeçar o dilúvio de fim de Abril. Depois de alguns fins-de-semana de calções e janela aberta, o carro ia fechado, com o rádio, estragado, a tentar segurar a frequência da TSF. Viagem curta, dois ou três quilómetros, até parar. Algumas gotas finas já batem contra o vidro - talvez seja mais cedo do que o esperado. Subir as escadas com cuidado, bem apoiado para evitar acidentes desagradáveis na madeira recém-molhada. E depois, lá em cima, caminhar só mais um pouco em direcção àquele céu cinzento e carregado que se aproxima e dirigir o olhar um pouco mais para baixo, para aquela enorme 'piscina' de pequenas ondas perfeitas, macia do vento que vem de terra e salpicada de pontos negros. Ali perto, logo abaixo, pai e filho (pequeno, por sinal) remam lado a lado para uma linha que se aproxima. Uma outra rebentou à frente. Perfeita. Viram-se para mim, talvez tenham sorrido um para o outro. Noto mais umas braçadas, poucas. Cada um para seu lado, estão ambos de pé e em movimento sem se mexerem. Eu também estou de pé, se alguém com uma perna suspensa na muleta pode estar de pé. É verdade, também sorri. Mas parado. E voltei para casa, no banco de trás, com a mulher e a filha à frente. O resto, já se sabe. No domingo, choveu toda a tarde.
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