segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Gula, a Massificação e outros demónios ...

A sequência é invariavelmente a mesma. Drop, puxão no rail, pernas cravadas e o pescoço inclinado. A seguir, basta esperar que a onda nos cubra e nos deixe aproveitar a boleia do seu cilindro. O tempo de permanência depende de duas variáveis: da disposição da onda e o talento do bodyboarder. Eu padeço de um pecado capital: a Gula. Sempre que me encaixo, não quero sair, prendo-me com unhas e dentes à parede da onda e acabo, invariavelmente, por ser arremessado para locais bem menos agradáveis que o cilindro azul.

Ver o lip estalar ao nosso lado, ver a luz (literalmente) ao fundo do túnel e ouvir o rosnar da onda à nossa volta são sensações que marcam quem já as experimentou. Ser amassado por um cilindro dos Super, da Naza ou de Carcavelos, pode não ser a melhor sensação do Mundo. Ser lançado over the falls, também não é melhor, mas vale a pena.

No Mundo das Ondas, a Gula é um pecado capital. Nos tubos, os grandes sabem sempre quando chega a altura de dizer basta e apontar à porta de saída. No line up, os grandes também sabem partilhar e a regra, a da partilha, tem de ser mesma. Deixar o parceiro do lado fazer a onda que o pode leve a um dos cilindros mágicos é, garanto-vos, um comportamento gratificante. Um grande surfista, diverte-se quando no canal vê um irmão sacar um tubo, quando os ouve gritar de contentamento ou quando os vê sacar uma manobra inédita. O surf é uma experiência para ser partilhada. O contacto com a natureza dá humildade, coloca o Mundo do betão em perspectiva e ainda nos ensina o valor de ter companhia nos momentos decisivos – e vocês, seus Locals Mauzões, gostavam de estar sozinhos, por exemplo, com a Cave a bombar uns três metros de onda em cima da pedra?. Se as regras dos grandes surfistas se MASSIFICASSEM, o Mundo só tinha a ganhar.



Bons Tubos

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