segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ainda sobre filmes, massificação e outros disparates




"I grew up watching vids and now it's me on the vids getting people out"

Há uma lição a tirar do discurso de Hardy. Não que o profissional de surf ou bodyboard típicos sejam filósofos de primeira, nada disso. Mas quando um tipo como Ryan Hardy, talvez o melhor bodyboarder da actualidade (não vamos aqui discutir isto) diz que gosta de saber que motiva mais gente a ir para o mar...

Eu gosto de surfar. Não, eu amo surfar. Amo o mar da maneira como se pode amar uma força da natureza: numa medida igual de amor, medo, respeito e inspiração. Já tive alguma conversas incidentais ao sair da água após uma daquelas surfadas em que eu e um parceiro de ondas constatamos que ficamos lá fora mais um par de horas do que tinhamos prometido às nossas companheiras, amigos, e outras âncoras.

E a conversa termina invariavelmente com um encolher de ombros: "Se eles (elas) percebessem..."

E depois dou comigo a pensar como é que é possível que haja pessoas que passem por este mundo sem saber o que é descer uma onda?

É por isso que me deixa sempre perplexo a conversa de alguns iluminados acerca da "massificação" dos desportos de ondas e da banalização do acto de surfar. Como é que raio se banaliza o mar?

E massificação? Que raio, mas estamos a falar do quê? Produção de refrigerantes?

Como seria bom que toda a gente pudesse passar por este mundo a saber o que era estar "lá fora".

É que me aflige que haja quem não saiba. Porque há coisas que devem ser "massificadas" como o pão, o amor...e as ondas.

Porque a casa de Deus só pode ser num tubo.

3 comentários:

Anónimo disse...

O melhor bodyboarder do Mundo sou eu! Ah, espera, o Hubbard é que é!!! BORA HUBB!!! LOL

Cocas

Anónimo disse...

Até Jesus, expulsou da casa de Deus os vendilhões do templo. Porque uma coisa é partilhar Ondas e o sentimento de surfar, outra coisa bem diferente é transformar a casa de Deus num centro comercial onde tudo se vende e se compra. Quem conseguir entender esta diferença estará em perfeita harmonia com o mundo e com as ondas. Quem não entende...não entende.

Anónimo disse...

Curioso, nunca vi ninguém vender nada no line up, devo andar distraído. Mas agora mais a sério. O facto de existir uma indústria à volta dos desportos de ondas, não lhe retira a alma.

A água engarrafada mim não me incomoda, também mata a sede. Porque depois de vertida para fora da garrafa, é sempre água.

E depois há coisas que não podem ser engarrafadas, vendidas, comercializadas, adulteradas. As ondas são o veículo que escolhi (ou que me escolheu) o destino, esse, é intocável.

Quem conseguir entender, óptimo. Quem não entende, não entende...

A diferença entre nós é que há quem confunda o meio com o fim e pense que há quem possa "estragar" o mar.

E sim, a água pode ser engarrafada. Mas a "alma" ou o que lhe quiseres chamar, não. E isso devia confortar-te "Anónimo".