terça-feira, 30 de outubro de 2007
A viagem
Amigo Cocas
É bom voltar ao Fundo De Pedra e é bom saber que continuas por aqui. Já não é tão bom constatar que, ao fim de todos estes meses, continuas pouco atento ao que se passa (literalmente) por cima da tua cabeça. E o teu último contributo é o sinal mais evidente disso mesmo.
Se olhares com atenção para a lista provável de estrelas do WCT do próximo ano, facilmente poderás reparar que, excepto o Tiago Pires, todos os outros têm algo em comum: são naturais de países com vários milhões de habitantes - o mesmo é dizer com mercados mais do que apetecíveis para as principais marcas mundiais.
Podes atirar-me à cara os sul-africanos, JS incluído. Mas não vale a pena. O rapaz-maravilha é mesmo isso, uma maravilha. E todos os outros, excepcionais, apenas seguem uma tradição que começou com Shaun Thompson.
Portugal, com alguns milhares de consumidores permanentemente aflitos de dinheiro,não é, por certo, a salvação da indústria do surf mundial. Nem sequer anda perto. Por isso, que um português chegue à elite do surf, para disputar campeonatos patrocinados por essas marcas, em ondas de sonho, é extraordinário. E alcançado à custa de muito trabalho, de muitas desilusões de última hora, de muitas notas que ficaram aquém. A prova é que, ao contrário dos JS desse mundo, Tiago Pires chega ao WQS com 27 anos. Tarde, mas por mérito próprio. O que interessa se fica ou se sai? Já lá está e agora é aproveitar, e nós com ele, cada onda, cada heat, cada campeonato. No fim, logo se vê.
O mais importante não é o destino, amigo Cocas, é mesmo a viagem.
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