sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Pés de barro...como os homens


Mark Occhilupo. Se trabalhasse em Hollywood nunca passaria de actor secundário em filmes série B. Com uma cara daquelas, de sorriso em que o maxilar inferior parece sobrepor-se (ou subpor-se para ser mais preciso) ao superior, um corpo baixo e maciço como um pugilista...nunca seria estrela.

E é curioso que no mundo do surf profissional, Occy destoa das estrelas, dos Slaters, dos Irons, dos Currens, dos Carrols, tanto como um buldogue numa corrida de galgos.

Admiro Occy. O homem ainda surfa como no tempo em que o surf era de linhas definidas, rasgadas, violentas, como pinceladas furiosas de um artista maldito (Não me esqueço de Fanning, mas é diferente...). Do tempo em que os surfistas gozavam com os saltos do bodyboard e mantinham-se irredutíveis na sua linha.

(Agora tentam imitar as manobras aéreas do Bodyboard e continuam a gozar. Não percebo, mas isso é outra história)

O homem teve glória, teve queda, teve doença, álcool, drogas, e glória novamente, com títulos e tudo. Não que os artistas, os heróis, precisem de títulos, mas os "outros" acham piada.

Occy é um touro, um ídolo com pés de barro. Do mesmo barro de que Adão foi moldado (Na verdade acho que foi feito de areia molhada e sal, mas enfim...) Occy é humano e vai retirar-se. Diz que não compete mais, que acabaram os tempos de circo deste palhaço trágico. Temperamental, violento, benigno. Como o mar.

Daqui a uns tempos o Slater também se vai embora. É pena. Mas vou ter saudades mesmo é do Occy. É que Slater é perfeito e Occy... Occy é de areia molhada e sal. Como os homens.

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