domingo, 16 de dezembro de 2007
Bodyboard com letra GIGANTE
Quando escrevo estas palavras ainda tenho a pele vermelha do sol e os sapatos cheios de areia de Praia do Norte. Mas mais do que isso, tenho a memória cheia de imagens e histórias que, sei, vou contar aos meus filhos e, se lá chegar, aos meus netos.
Hoje assisti a uma das mais inacreditáveis demonstrações de coragem...não, de loucura, alguma vez levada a cabo desde que o ingrato D. Afonso Henriques bateu na mãe e fundou este canto ao pé do mar.
E por falar em mar, que MAR, senhores, que MAR. É certo que ainda sou novato nas andanças das ondas, mas há anos que sou um amador interessado, e posso dizer que só em vídeos ou revistas vi coisas aproximadas com as montanhas de água que açoitaram hoje a Praia do Norte mais os malucos que se atiraram à insanidade que foi o 3º Special Edition da Nazaré.
Foi a segunda vez que fui à Praia do Norte, mas apesar de ter poucas referências, percebia-se que as ondas, perdão, as vagas eram grandes. Muito grandes.
Todavia, foi só quando o louco, o insano, o doido que devia estar internado, Luís "Porkito" Pereira se mandou de uma daquelas montanhas abaixo é que nos apercebemos do tamanho dos animais. Qualquer coisa entre os 5 e os 7 metros.
E, meus amigos, se a medição não é rigorosa, devo dizer que naquele disparate de mar, mais metro menos metro não ofendia ninguém. Porque houve sets que, arrisco, batiam nos 8.
Se acham que estou a exagerar, bem...perguntem a quem lá esteve.
Porkito, ou senhor Porco, foi lá. Mas os outros loucos também, e, entre eles, um puto meio-francês meio-extraterrestre chamado Pierre Louis-Costes. Se o Porkito surpreendeu pela forma insana coomo dropou os primeiros Everestes de água, o puto que parecia surfar num OVNI, impressionou pela linha de onda, pela classe, pelo arrojo com que se mandou a um enorme "reverse air" com um Grand Canyon de nada por baixo, logo a abrir a conversa.
Até quando passou mal, Pierre impressionou. O extraterrestre partiu o "chop" (cenário normal que tocou a muitos naquele mar)e esteve cerca de 10 minutos (que pareceram uma eternidade) a levar com alguns dos piores sets do dia na cabeça.
Houve burburinho na praia e chegou a correr a hipótese trágica de a vedeta morrer na Nazaré. A moto de água não conseguia, sequer, aproximar-se da zona onde o miúdo estava e temeu-se, mesmo, o pior.
Mas eis que o puto desata a nadar no meio da espumaça e turbulência gigantes, dá as últimas braçadas de costas e sai da água com a mesma expressão desassombrada com que entrou naquele mar de Inferno.
Saiu, traindo apenas algum desagrado pelo facto de não ter sido socorrido.
Mas parecia apenas incomodado, como se não lhe tivessem passado o saleiro à mesa ou não lhe respondessem a um "bonjour" na rua.
Caminhou tranquilo para a tenda e perante os aplausos da turba (que momentos antes quase sustinha a respiração com ele, como em aflita solidariedade), lançou um olhar que só posso descrever como "majestoso", sorriu e tocou na testa agradecendo.
Classe. Pura classe.
Mas, amigos, a grande estrela do dia foi mesmo o Mar. O mar que nos alimenta, que nos castiga, que nos apaixona, o mar a que estamos ligados. Foi o mar a estrela. Um Mar em letra grande.
Hoje assisti a História do Desporto. E se vi mar com letra grande, também vi Bodyboard com letra GIGANTE.
Nota: a foto é do Cocas e é uma amostra(zinha)
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